A "cordialidade" trabalhada pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda demonstra que está inserido em nossa cultura política, o caráter patrimonialista dos bens públicos, fato negativo da política no Brasil.Caso comum deste tipo de política encontra-se no município de Araruna onde a prefeitura "monopoliza" - a partir da cultura política construída historicamente - as instituições públicas às representando de forma privada.
Há neste município a predominância de uma mesma família no poder que sobrevive desde o período da República Velha, trata-se da família Targino que por um breve período durante o Estado Novo não esteve no poder naquele município. O nome "Maranhão" passou a ser capital simbólico a partir da liderança de Benjamim Maranhão na década de 1950, personagem que se casou com uma Targino.
Partindo da ideia de poder simbólico, a população juntamente com a classe política dirigente acredita no "jogo" da política familiar. O nome da família, os bens, os prédios públicos - Escola Estadual Benjamim Maranhão, Ginásio O Maranhão, etc - nomeados em homenagens a parentes contribuem para a perpetuação do poder no seio familiar.
Isto passa a ser negativo para democracia, pois um dos supostos de um governo democrático é a alternância do poder e não a continuidade de uma mesma família na direção de um município.O forte da família é a “cordialidade”, pois o público é utilizado em benefício do privado, por exemplo: a distribuição de cargos administrativos, os benefícios dos serviços hospitalares - pois mesmo não sendo governador, a fotografia de Zé Maranhão continua na entrada do hospital -, e a utilização de transportes. Para parcela da população, estes serviços são provas da caridade da prefeitura e especificamente da prefeita.
Assim, as paixões ganham vida, e no lugar que deveria habitar a racionalidade, encontramos a irracionalidade.Quando o público passa a ser público, a sociedade que se beneficia do Estado, critica o governo. O Concurso Público realizado neste município foi inadmissível na conjuntura da cultura política local para determinada parcela da população que não conseguiu se beneficiar das promessas eleitorais de empregos. A família deixou de dar emprego, cada um teve que conquistar com esforço próprio. O mesmo se pode dizer referente as reclamações para com o Governo do Estado da Paraíba.
O empreguismo era uma das forças de manipulação dos governantes. Mas na verdade, o Estado deve beneficiar a todos de forma igualitária independente de ser gato, cachorro, sapo ou jacaré. Para isto, quanto mais Concurso, melhor!Araruna necessita que sua população pense racionalmente e que discuta os projetos de cada candidato e não transformar a eleições numa partida de futebol com cores, músicas e slogans. É de debate que a população precisa, não de acusações, para que assim o governo atual seja avaliado de acordo com a proposta dos outros candidatos. A política é convivência social e não monopólio de uma família.
Os Targino Maranhão não são os únicos candidatos, eles não são salvadores, as instituições públicas não pertencem a eles, pois estes são apenas representantes políticos e devem ser pensados como tal. Chega de "cordialidade"! O importante é cuidar do bem comum a todos e buscar um futuro melhor para o município!
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