terça-feira, 7 de agosto de 2012

Grandes produções e pequenas contribuições


O Universo acadêmico da Historiografia esta se distanciando da sociedade, grandes produções historiográficas nem se quer chegam nas portas das escolas e muito menos nas estantes dos professores. O consumo do saber historiográfico está nas mãos dos jornalistas, daí livros como 1808 e Guia politicamente incorreto da História do Brasil vender tanto, tendo como professores da educação básica como maiores leitores. Trata-se de uma historiografia sensacionalista, exagerada nas afirmações e irresponsável. Mas é o que está no auge referente ao saber histórico.
Enquanto isto na academia, o governo cobra maior produção dos professores, produzir, produzir, produzir. Sobrecarregados, os professores produzem e reproduzem trabalhos distantes da sociedade e dos problemas sociais. Para alguns a academia não resolve nada mesmo e os problemas sociais que se danem, pois estes são "naturais", derivado das relações de poder, "não tem jeito mesmo, vamos ganhar nosso dinheiro e ir pra casa". Assim, enquanto o Nordeste passa por mais uma seca e as obras do Rio São Francisco são propagandeadas num mar de ilusões, alguns historiadores preferem destacar a lindeza do sertão e a riqueza da convivência social pacífica entre os "flageladores" e seus pares. 
A sociedade precisa passar por um pathos, mostrar o não dito, analisar as contradições e trazer a partir da memória porque é o que é!!! Por que fulano de tal está no poder? O que é feito com o dinheiro dos impostos? Para que serve a educação? Por que estrutura tal não muda? 
Vejo que a coisa está feia para a produção acadêmica, ninguém quer saber o que é produzido além dos próprios colegas da universidade, e olhe que são pouquíssimos que até mesmo na universidade querem saber. Muitos professores que falam chiando para demonstrar estar num português correto sabem muito de pouco  e se enclausuram na própria universidade seguidos por estudantes que se acreditam no mesmo poder simbólico vivido pelos professores.
Professores que mal sabem o que é uma sala de aula do sexto ano, que não vive a realidade da sociedade, produzem muito e contribui pouco. Os bons, quando pressionados, deixam de produzir muito para produzir pouco, mas com qualidade e consequentemente com menos benefícios. 
Espero que os novos temas tragos pela historiografia contribuam para uma maior aproximação entre a academia e a sociedade, porque caso isto não aconteça, os jornalistas que não encontram empregos em suas áreas vão dar aula de história. 

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