Após encerrar o mestrado e defender a dissertação sobre Oligarquias e Cultura Política, fui me afastando do tema que tanto tempo dediquei e me reaproximei daquilo que REALMENTE gostava de estudar no curso de História: a crise da modernidade. Hoje compreendo que a crise é inata a própria história da sociedade ocidental e que existe por trás da linearidade (e também da circularidade) da História duas dialéticas que buscam resolver os problemas da nossa existência. A primeira dialética é aquela exposta por Marx baseada na luta de classes, a segunda teve origem na crise das cidades-estados da Grécia Antiga, que seria a dialética entre a moral e a política ou, o foro interior e o foro exterior. Vale salientar que a política ficou impregnada em mim, não para fazer de meu ser um pesquisador, mas sim para "teorizar" a crise política. Ora, Teoria é uma constatação racional de um sistema científico que busca estruturar um objeto, mas ao me perguntar se o mundo ocidental está em crise, meu objeto passou a ser definido para além do empírico, ou seja, de maneira puramente racional. Ao racionalizar a crise, acabo entrando em outra esfera de conhecimento que não é científico, mas sim filosófico. Aqui me deparo com um problema enorme que é utilizar um método de racionalizar que dialoga com a História e a Filosofia da História. Do positivismo histórico para cá, a História buscou se livrar da Filosofia, mas no meu entendimento, quando um estudante de História pergunta "o que é história", este já está fazendo uma pergunta filosófica. Não há como fugir. Assim, pode parecer retrocesso (para os pragmáticos), mais em vez de me preparar para um doutorado em História, comecei a cursar uma graduação em Filosofia justamente para me aprofundar na Teoria (Filosofia) da História. Nestes dois anos de cursos, andei por terras que jamais como pesquisador andaria. Conversei com Hanna Arent e Pierre Bourdieu sobre a condução humana, devaneei nos bosques de Paris com Rousseau, visitei os lares dos proletariados em Manchester com Engels, deixei de ser ateu com Kant e busquei ser autônomo ao conversar com Nietzsche. Dessa maneira, apesar dos pesares e das ilusões perdidas, estou satisfeito com meus estudos. Espero contribuir, daqui das montanhas, como vocês do centro do mundo estão caminhando para uma catástrofe que não pode ser pesquisada só pelos métodos das ciências sociais e da historiografia, mas ser racionalizada por toda forma de conhecimento possível.
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